"Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve." Jorge Luis Borges
domingo, 20 de junho de 2010
Ensaio Sobre a Cegueira - O livro
“Como toda a gente provavelmente o fez, jogara algumas vezes consigo mesmo, na adolescência, ao jogo do E se eu fosse cego, e chegara à conclusão, ao cabo de cinco minutos com os olhos fechados, de que a cegueira, sem dúvida alguma uma terrível desgraça, poderia, ainda assim, ser relativamente suportável se a vítima de tal infelicidade tivesse conservado uma lembrança suficiente, não só das cores, mas também das formas e dos planos, das superfícies e dos contornos, supondo, claro está, que a dita cegueira não fosse de nascença. Chegara mesmo ao ponto de pensar que a escuridão em que os cegos viviam não era, afinal, senão a simples ausência da luz, que o que chamamos cegueira era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das coisas, deixando-os intactos por trás do seu véu negro. Agora, pelo contrário, ei-lo que se encontrava mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e seres, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis.”
“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma(…)”
“Quando um escritor morre é um mundo que desaparece”
Não nos despedimos porque ele fica entre nós. Podemos conversar, ouvir e apreciar a sua voz através da sua obra. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é continuar a lê-lo ou relê-lo. Aqui ficam os romances, parte da sua obra publicada, como sugestões de leitura:
• Terra do Pecado1947
• Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
• Levantado do Chão, 1980
• Memorial do Convento, 1982
• O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
• A Jangada de Pedra, 1986
• História do Cerco de Lisboa, 1989
• O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
• Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
• Todos os Nomes, 1997
• A Caverna, 2000
• O Homem Duplicado, 2002
• Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
• As Intermitências da Morte, 2005
• A Viagem do Elefante, 2008
• Caim, 2009
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