quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

A Sala De Espera a Ler+ deseja a todos um 2011 cheio de prosperidades e boas e muitas leituras. Em Janeiro vamos começar a ler... Ficamos à espera de sugestões. Bom Ano para todos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ser Poeta - Florbela Espanca

Florbela Espanca

Florbela Espanca nasce e morre a 8 de Dezembro. A 8 de Dezembro, nasce Florbela Espanca em Vila Viçosa e em1930, em Matosinhos, Florbela põe fim à vida. Aqui fica um dos seus poemas mais conhecidos:


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonhar com Fernando Pessoa

Fernando Pessoa morreu há 75 anos, mas a sua obra continua viva e a fazer-nos sonhar. Aqui fica um poema em sua memória.



Entre o sono e o sonho,

Entre mim e o que em mim
É o que eu me suponho,
Corre um rio sem fim.

 
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas curvas viagens
Que todo o rio tem.

 
Chegou onde eu habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

 
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre –
Esse rio sem fim.


In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006

domingo, 7 de novembro de 2010

A leitura na minha vida

A Fernanda está a desenvolver o processo de RVCC no nosso CNO. O gosto pela leitura tem-na acompanhado ao longo da vida e, gentilmente, aceitou partilhar o seu testemunho sobre a importância que a leitura tem tido na sua vida.

“Ler é um hábito que cultivo desde pequena, faz parte de mim, é o meu alimento da alma.
Desta época quem não se lembra do livro o “O meu pé de laranja lima”? Uma história cativante, comovente, emocionante, ternurenta, sobretudo pela pureza e inocência da infância! Esta foi uma das histórias que me marcou, assim como “As aventuras do Cinco” que faziam as minhas delícias.
Mas que partido tiro eu das histórias? Porque nos são lidas tantas histórias em pequenos? Eu penso que será para nos reportar valores morais e éticos, que nos levem a repensar as atitudes do dia-a-dia, numa reflexão que pode modificar a acção tornando-nos melhores enquanto pessoas.
Há livros que me apaixonaram, outros que me fizeram rir e outros até chorar. Imagino cada personagem na minha cabeça e com elas vivo, sonho, viajo e aprendo.
Destacar um livro para mim é difícil, gostei de ler quando estava no liceu “Os Maias” ao contrário dos meus colegas que o achavam muito cansativo, eu gostei da originalidade de Eça de Queiroz, do seu estilo e linguagem, e do realismo descritivo dele, que acho notável, tanto que a seguir li muitos livros da sua vasta obra.
Numa fase menos boa da minha vida, mais recentemente li, “Veronika decide Morrer”, de Paulo Coelho.
Veronika uma jovem como tantas outras, tem tudo na vida, mas no entanto não encontra sentido na sua vida e decide morrer. A tentativa de suicídio por overdose de medicamentos sai frustrada, e a partir daí é internada numa clínica de loucos, onde recebe a notícia que apenas lhe podem restar umas semanas de vida. Nessa perspectiva ela considera que não tem nada a perder, pode fazer o que bem lhe apetecer e com essa liberdade de pensamento ela vive cada instante como único.
Esta história remete-nos para o verdadeiro valor da vida, a beleza de cada momento que devemos aproveitar como únicos e irrepetíveis.
Na altura este livro marcou-me, é uma história que pode ser a de qualquer um de nós, pois quantas vezes nos esquecemos que o caminho se faz caminhado e que a felicidade não é uma meta, mas é construída todos os dias com as mais pequenas coisas de que tão simples nem nos apercebemos do quanto representam para nós.”
Fernanda Fernandes

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Livro da Minha Vida na Biblioteca

Ontem, sob o mote "O livro da minha vida", comemoramos o dia Internacional das Bibliotecas Escolares. Agradecemos aos adultos e formadores que, com a melhor simpatia, partilharam o seu gosto pelos livros e a todos os formandos das turmas EFA que ouviram e aplaudiram. A todos, um muito obrigada.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dia Internacional das Bibliotecas Escolares

No dia 25 de Outubro vamos comemorar o dia Internacional das Bibliotecas Escolares. Convidamos toda a comunidade escolar a participar num momento de partilha subordinado ao tema “O livro da minha vida”, pelas 20h e 30m na BE. Tragam um livro e partilhem todas as emoções que sentiram ao lê-lo e que vos acompanham ao longo da vossa vida.

domingo, 17 de outubro de 2010

Eu e as Mulheres da Minha Vida, de Tiago Rebelo

Trata-se de um romance escrito de forma ligeira e que conta uma história que por muitos terá sido vivida ou que, pelo menos, muitos já terão ouvido contar da boca de um amigo ou de uma amiga: um homem que, aos 35 anos, saturado da sua vida rotineira de marido e pai, dá por si envolvido com uma mulher que de início imaginou inacessível e para a qual não teria unhas.
Quase sem saber como, foi promovido no seu emprego e chega a director do banco onde era um amorfo funcionário. Foi nessa altura que, também quase sem saber como, a sua colega Cátia, a quem sugestivamente chamavam Monica Bellucci, revela ter interesse nele. Enfadado com a sua vida, envolve-se com ela, achando estar a viver um sonho. É claro que, esgotado o efeito novidade, essa nova relação acaba também ela por se tornar rotineira e o sonho vira pesadelo. Só que, nessa altura, a vida do marido (chama-se Zé, neste caso) estava já toda desordenada, vendo-se completamente incapaz de por ordem na casa. Junta à primeira uma segunda amante e entretanto começa a constatar que afinal de quem sente falta é da mulher, a genuína.
Portanto, é uma história já muitas vezes contada, especialmente no boca a boca, e que Tiago Rebelo resolveu passar à escrita, criando um romance muito leve e descontraído que pode ser lido de uma assentada. Não faltará quem se identifique com o enredo ou, pelo menos, com episódios do mesmo. A obra tem os seus momentos divertidos e vive, essencialmente, das personagens masculinas e dos seus diálogos, bastante vivos – era um livro que daria, por exemplo, uma peça de teatro bem animada, ou uma série despretensiosa. No cinema poderia dar uma comédia ligeira, mas isso é algo que em Portugal é uma espécie de sonho irrealizável. Se bem que se o Zé conquistou a Monica Bellucci…

Tiago Rebelo - Autor do mês de Outubro na BE

Nascido a 02 de Março de 1964, é casado e tem três filhos. Tirou o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Nova de Lisboa, onde permaneceu durante 8 anos.
Iniciou a sua actividade profissional em 1986 na Rádio Renascença, conciliando, durante três anos, o trabalho de jornalista especializado em política na RTP. É jornalista há dezanove anos, sendo nos últimos seis anos um dos editores executivos da TVI, onde está desde 1994.
Tem publicado nove romances e quatro histórias para crianças. No seu percurso literário destacam-se três livros de contos infantis - "O Palácio Encantado", "A Boneca de Porcelana" e "O Pato Mercedes"
(edições Abril/Control Jornal para o Museu das Crianças).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Nome da Rosa, de Umberto Eco

 “Pensa num rio, denso e majestoso, que corre por milhas e milhas entre robustos diques, e tu sabes onde está o rio, onde o dique, onde a terra firme. A certa altura, o rio, de cansaço, porque correu por demasiado tempo e demasiado espaço, porque se aproxima do mar, que anula em si todos os rios, já não sabe o que é. Torna-se o seu próprio delta. Permanece talvez um braço maior, mas muitos outros se ramificam, em todas as direcções, e alguns confluem uns nos outros, e já não sabes o que está na origem do que é, e por vezes não sabes o que ainda é rio e o que é já mar…”


Existem vários livros que gostava de partilhar, mas “O Nome da Rosa” surge porque a mensagem que pretendo transmitir está relacionada com o que escolher, um livro ou um a sua adaptação ao cinema?
Quando vi a adaptação de “O Nome da Rosa” no cinema fiquei muito desiludida, como quase sempre me acontece quando comparo o filme com o livro! Isto para dizer que a célebre frase “uma imagem vale mais que mil palavras” neste caso específico, e na minha opinião, não se aplica, pois as palavras deste livro, como de quase todos, permitiram-me construir uma história muito mais maravilhosa do que aquela que o realizador apresentou. Assim, mesmo estando na era digital, os livros continuam a seduzir de uma forma muito pessoal, pois a história que nos transmitem é única, tem sempre uma parte de nós!
Mara Machado

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sinais de Joel Rothschild

Como pessoa com hábitos de leitura diária, encontro em quase todos os livros pontos de referência para reflexão, debate, aprendizagens…
Gostaria de partilhar o que um sobrevivente de HIV- SIDA e activista pelos direitos dos doentes com essa patologia, escreveu.
Elejo este livro porque aborda aspectos pertinentes, como:
 Descriminação sexual;
 Desconhecimento sobre HIV-SIDA e seu contágio;
 Lidar com a morte;
 Formas de superar a dor e perda de quem se ama;
 Espiritualidade.
O livro relata a morte do companheiro do autor (Joel) e o seu sofrimento não só pela perda da pessoa que amava, mas também por ele (Albert) faltar à promessa de lutar até ao fim contra a descriminação e a doença da SIDA, pois embora parecesse o mais corajoso, não aguentou e suicidou-se. Relata também como era ser homossexual nos anos 90. O preconceito, as injúrias e o desconhecimento sobre o contágio, chegando a comunidade gay (e não só) a pensar que ele ocorria porque frequentavam todos os mesmos lugares, como a piscina etc. Sublinha a coragem e tudo o que mudou na sua vida, a luta que trava, pois é das pessoas com SIDA que vive há mais tempo e uma das razões é acreditar que, quando precisa de ajuda, o seu Albert o visita em forma de um colibri.
Trata-se de uma leitura agradável, auto-biográfica, esteticamente bonita, que nos eleva e nos ajuda a encontrar um sentido na vida, mesmo após a morte de alguém e a acreditar que conseguimos vencer e superar situações difíceis como o sofrimento e a doença. Gostaria que este livro ajudasse a acabar com tanto preconceito que ainda reina em tantas mentes.

Delfina Fernanda Martins

Biblioteca ESDAH

A biblioteca da escola está no Facebook. Adicionem-na como "amiga" e tenham acesso a todos as notícias em 1ª mão. Podem pesquisar -  Biblioteca ESDAH - e terem acesso a toda a informação. A BE está a precisar de amigos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Rio das Flores


Num momento em que se assinala o centenário da República, escolhi este livro cujo enredo se passa no início da Primeira República.
Rio das Flores é essencialmente a históriia de uma família – os Ribera Flores – que atravessa três gerações unidas pelo amor à terra (a Herdade de Valmonte, no Alentejo), onde coabitam Maria da Glória, a matriarca que governa a família desde a morte do marido, e os seus dois filhos: Diogo e Pedro.

Através do pensamento político divergente dos dois irmãos e da sua diferente visão do mundo, Miguel Sousa Tavares transporta-nos para uma época - primeira metade do século XX, que assistiu ao aparecimento de regimes autoritários que viriam a precipitar o mundo na catástrofe.

Diogo, um intelectual avesso ao totalitarismo, que resolve mudar radicalmente de vida, deixando a família em Portugal para atravessar o Atlântico e viver no Brasil durante o Estado Novo. Pedro, um conservador, alinhado com o Estado Novo, que adere à causa franquista e luta ao lado dos ditadores na Guerra Civil de Espanha.

Não entrando na polémica se o livro é, ou não, um romance histórico, nele, e através desta família, Miguel de Sousa Tavares narra todas as transformações que o mundo estava vivendo, num tempo trágico ainda próximo de nós.

Arminda Carneiro

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Em Festa!!!

Estamos em festa porque conseguimos alcançar as duzentas visitas ao nosso blogue. Pensando bem, durante seis meses, tivemos a visita de duzentas pessoas ou a visita de uma pessoa duzentas vezes…

Independentemente desta dúvida que nos assalta o espírito, calculando uma média de 30 dias cada mês, 24 horas em cada dia, pedimos ajuda ao Engº António Guterres para alcançar um número final. :)



Já agora, fica aqui registada a promessa que quando conseguirmos o primeiro comentário faremos uma festa de arromba em hora e local a divulgar neste blogue.
Mantenham-se atentos. :) :)

domingo, 26 de setembro de 2010

"Mistérios de Lisboa" premiado em San Sebastian


O filme "Mistérios de Lisboa", realizado pelo chileno Raul Ruiz, venceu o prémio para melhor realizador no Festival de Cinema de San Sebastian , Espanha. Rodado em Portugal e com actores portugueses e estrangeiros , "Mistérios de Lisboa " foi também aplaudido pela imprensa espanhola e conquistou o prémio «Concha de Prata». Baseado num romance de Camilo Castelo Branco, a longa-metragem é um fresco da sociedade portuguesa de finais do século XIX. Depois da estreia comercial nos cinemas em Outubro, o projecto chegará também à RTP, com a exibição de uma série de seis episódios, em Janeiro de 2011. No entanto, a série televisiva será exibida em antestreia na íntegra em Novembro no Estoril Film Festival. “Mistérios de Lisboa” foi rodado em Portugal, com actores portugueses e estrangeiros, e teve um orçamento de 2,5 milhões de euros. Do elenco fazem parte, entre outros, Maria João Bastos, Adriano Luz, Ricardo Pereira, Melvil Poupaud, São José Correia, Albano Jerónimo, Clotilde Hesme, Carloto Cotta e Afonso Pimentel.
Fonte: jornal Público

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Maior Flor do Mundo - José Saramago


Esta curta-metragem de animação baseada no livro «A Maior Flor do Mundo», de José Saramago, é belíssima. Produzido em 2007,o filme ganhou o prémio de melhor animação do Anchorage Internacional Film Festival e foi nomeado para os Goya deste ano na categoria de melhor curta-metragem. Saramago aparece no filme, como narrador e como personagem.
Uma bela forma de voltarmos à nossa infância e nos rendermos ao Era uma vez...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Convite

Deixamos aqui o convite feito pelo formador e colega Dr. Américo Moreira a toda a comunidade escolar para a presentação do seu novo livro de poesia. Seria uma alegria para ele a nossa presença num momento tão significativo.

O Presidente da Câmara Municipal de Armamar, Hernâni Almeida, o Autor e as Edições MinervaCoimbra


têm o prazer de convidar V. Exa. para o lançamento do livro CÍRCULO DE LUZ, de Américo Teixeira Moreira.


A apresentação será feita pelo Dr. João Rebelo.


A sessão realiza-se dia 25 de Setembro, pelas 21h00,


no Hotel Folgosa Douro (frente ao restaurante DOC), Armamar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Horário da Biblioteca Escolar

Informamos toda a comunidade escolar que a BE se encontra aberta em horário nocturno. Lamentamos que ainda não o possa ser diariamente mas congratulamo-nos de este ano lectivo poder oferecer 3 dias por semana. Ficamos à espera da vossa visita  e das vossas sugestões.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dia Internacional da Literacia

    Foi ontem comemorado o Dia Internacinal da Literacia.
 Um dia para dar sentido à Década da Literacia (2003-2012), determinada pela UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, ao longo da qual, sob o mote "Literacia é Liberdade" ("Literacy as Freedom"), se pretende ver aumentados os níveis de literacia e consequentemente contribuir para a capacidade de intervenção e a autonomia de todas as pessoas. Reconhecer que a promoção da leitura ou, num conceito mais abrangente, a literacia é do interesse de todos enquanto parte essencial de um esforço em direcção à paz, ao respeito e à partilha e troca de conhecimentos num mundo globalizado.

O dia 8 de Setembro foi designado como o Dia Internacional da Literacia (antes, da Alfabetização). Associada a esta comemoração a Organização das Nações Unidas decidiu, em 2003, instituir a Década da Literacia, que decorre de 2003 a 2012. Estas comemorações têm como objectivo salientar a importância da literacia na vida das pessoas e das sociedades.

Anteriormente o termo Literacia estava relacionado com a capacidade para ler, escrever, usar a linguagem e comunicar. Mais recentemente o conceito de Literacia alargou-se como estabelece a definição da UNESCO:

-Literacia é a capacidade para identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar as novas tecnologias, de acordo com os diversos contextos. A Literacia envolve um processo contínuo de aprendizagem que capacita o indivíduo a alcançar os seus objectivos, a desenvolver os seus potenciais e o seu conhecimento, de modo a poder participar de forma completa na sociedade.

A Literacia é, hoje, considerada como um dos recursos mais importantes de uma sociedade.

Aproveito para desejar um Bom Ano de trabalho a todos, boas leituras e muitas contribuições para que este blogue seja o espelho da nossa comunidade escolar.

domingo, 20 de junho de 2010

Ensaio Sobre A Cegueira - o filme

Ensaio Sobre a Cegueira - O livro

“Como toda a gente provavelmente o fez, jogara algumas vezes consigo mesmo, na adolescência, ao jogo do E se eu fosse cego, e chegara à conclusão, ao cabo de cinco minutos com os olhos fechados, de que a cegueira, sem dúvida alguma uma terrível desgraça, poderia, ainda assim, ser relativamente suportável se a vítima de tal infelicidade tivesse conservado uma lembrança suficiente, não só das cores, mas também das formas e dos planos, das superfícies e dos contornos, supondo, claro está, que a dita cegueira não fosse de nascença. Chegara mesmo ao ponto de pensar que a escuridão em que os cegos viviam não era, afinal, senão a simples ausência da luz, que o que chamamos cegueira era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das coisas, deixando-os intactos por trás do seu véu negro. Agora, pelo contrário, ei-lo que se encontrava mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e seres, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis.”





“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma(…)”

“Quando um escritor morre é um mundo que desaparece”



Não nos despedimos porque ele fica entre nós. Podemos conversar, ouvir e apreciar a sua voz através da sua obra. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é continuar a lê-lo ou relê-lo. Aqui ficam os romances, parte da sua obra publicada, como sugestões de leitura:

• Terra do Pecado1947

• Manual de Pintura e Caligrafia, 1977

• Levantado do Chão, 1980

• Memorial do Convento, 1982

• O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984

• A Jangada de Pedra, 1986

• História do Cerco de Lisboa, 1989

• O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991

• Ensaio Sobre a Cegueira, 1995

• Todos os Nomes, 1997

• A Caverna, 2000

• O Homem Duplicado, 2002

• Ensaio Sobre a Lucidez, 2004

• As Intermitências da Morte, 2005

• A Viagem do Elefante, 2008

• Caim, 2009

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Nunca me deixes

Recentemente, (abrangendo as temáticas dadas nos módulos de CP5 e STC7) li o livro “Nunca me deixes” de Kazuo Ishiguro, que aborda a questão da clonagem humana.

Na minha opinião, este livro é tão fascinante como perturbador, pois, à medida que o desfrutava, fui-me apercebendo da fragilidade humana e de como os clones estão destinados a “servir” os seus “criadores”, doando-lhes os órgãos até ao limite.

Ao ler o livro, fui completamente invadida por uma sensação de revolta e repulsa, pois considero a clonagem um atentado à espécie humana.

Como é possível criar, em laboratório, um ser humano e limitá-lo à informação, à educação, ao desenvolvimento e, sobretudo, condená-lo a um destino cruel, sem lhe dar possibilidade de escolha?

É como se fosse “sucata” e apenas servisse para a recolha de “peças”… Até me arrepio com essa possibilidade: parece-me desumano, anti-ético e ... deplorável!

Os Clones são pessoas e têm sentimentos, receios, dúvidas …tal como todos nós! E chega a ser comovente a indiferença das pessoas face a este assunto, pelo que considero extremamente importante que todos tenhamos consciência da necessidade de uma reflexão colectiva, sem nunca esquecer os nossos valores, as nossas convicções e sobretudo, aquilo que representamos na sociedade, ética e moralmente!

Vera Freitas, aluna da turma EFA de Técnico de Secretariado

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Linguagem dos Afectos

Durante a Feira do Livro que se realizou na escola, o Centro Novas Oportunidades promoveu um Momento de Poesia para os adultos, convidando o Sr. Armando Cunha, a desenvolver o processo de RVCC de Nível Básico, para partilhar com outras pessoas o seu gosto pela leitura e pela escrita. Integrada no projecto Novas Oportunidades a Ler+, esta actividade permitiu aos adultos aperceberem-se que a leitura e a escrita não é apanágio de letrados, mas acessível a todos. Qualquer um pode experimentar.

Não se considerando poeta, Armando Cunha – O Flora - revelou às pessoas presentes que anda sempre acompanhado de um pequeno bloco onde vai anotando palavras e ideias que lhe vão surgindo no dia-a-dia, enquanto observa a realidade que o rodeia. Depois, os versos vão-se compondo na sua cabeça e só mais tarde os passa para o papel. O dicionário passou a ser, também, seu companheiro, na busca da melhor palavra para exprimir o que sente.

Residente em Lordelo, divulga alguns dos seus poemas no jornal local. Em sessão de Júri de Certificação declamou o poema: Voltar à escola.

Quando queria aprender
Fui trabalhar, vergar a mola
Agora que estou velho
Voltei a ir à escola

Vou de pasta não de sacola
Como na primeira classe
Nos bancos daquela escola
Senti um rubor na face

Tentarei ser dedicado
Seguir as aulas com agrado
Até me faz sentir saudades

Agora trago na mente
Esta ocasião excelente
Que é as Novas Oportunidades

O Flora, em 11-11-2009