domingo, 27 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro


"O teatro é a poesia que sai do livro e se faz humana." (Federico García Lorca)

"No teatro descobri que existem duas realidades, mas a do palco é muito mais real." (Arthur Miller)

"Teatro só faz sentido quando é uma tribuna livre onde se podem discutir até às últimas conseqüências os problemas do homem." (Plínio Marcos)

"O teatro não se repete, apesar de ser sempre o mesmo. Cada representação é como estar diante de um novo personagem." (Beatriz Segall)

Talvez no teatro da vida se divirtam todos, mas não o actor."(George Bernard Shaw)

"Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer." (Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

Quem Morre?


Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos
dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

domingo, 20 de março de 2011

A Poesia está na Rua

A partir de amanhã, dia 21 de Março, a Poesia sairá à rua e provocará os mais distraídos. Este ano o tema é “Erotismo e Romantismo” e durante nove semanas e meia a sensibilidade andará à flor da pele. Consulte aqui o programa e desperte os sentidos e emoções.

Dia do Pai

Com um dia de atraso, aqui fica a nossa homenagem a todos os pais com um belíssimo poema de Pablo Neruda:


O Pai


Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

domingo, 6 de março de 2011

História de Vida

“Leiam muito e escrevam, leiam e escrevam”.
Foi esta a mensagem que a nossa convidada, D. Carolina Ruão, mãe do professor e nosso colega Camilo Ruão, transmitiu, na 4ª feira na Biblioteca Escolar, aos adultos que frequentam diferentes cursos na escola no âmbito das Novas Oportunidades.
Esta grande senhora de “quase 88anos”, como gostava de frisar, veio apresentar o seu livro recentemente editado (Edição de autor) “Quatro Estórias para ti Avô”. Como por magia e numa sala completamente cheia, fez-se silêncio e deu-se início a um período de encantamento. Baixinho, com muita ternura, contou um pouco da sua “História de Vida” e, com palavras serenas, muita inteligência e, até, com algum humor, hipnotizou a plateia declamando alguns dos seus poemas. Explicou que não o fazia de memória, porque “memória tenho pouca”, disse ela, mas que aquelas palavras eram dela, eram a sua essência e brotavam com naturalidade do seu ser.
Explicou a importância da escrita na sua vida, como esta necessidade sempre a acompanhou, como foi “rabiscando” sempre uns papéis que guardava e, outros, que acabava por deitar fora, até que, aos 85 anos, decidiu inscrever-se na Universidade Sénior… A parir daqui é fácil adivinhar e todos percebemos que nunca é tarde para começar. Mas esta conclusão simplista não é suficiente para compreendermos que:

“Nada se faz por acaso
A isto já eu cheguei,
É o destino traçado
Ou Deus que orienta o que faço?
Isso não sei.

Sei que é um privilégio
Escrever história nesta idade
Sem ter regras de colégio,
Pois tudo faço em liberdade.”

A sua sensibilidade tocou-nos a todos, aliás uma sensibilidade que a própria não sabe “se adequada à sua idade”, pois como diz no prólogo do seu livro “(…) 87 anos já não me permitem que mostre o que me vai na alma como se estivesse a atravessar o meu período de juventude”. Mas nós, que assistimos a este momento como alheados no tempo, sabemos que sim, que este sentir não tem idade.
Não foi a escola que teceu “saberes e afectos”, mas foi a escola, na pessoa da D. Carolina que tornou possível um momento único e inesquecível.
Obrigada, é uma palavra demasiado singela para agradecer todos os sentimentos e emoções que esta maravilhosa senhora nos fez sentir. Ficamos à espera dos próximos livros. Ficamos à sua espera.

terça-feira, 1 de março de 2011

Rasgos de Emoção

Às vezes a Poesia ganha vida, outras vezes é a própria vida que se transforma em Poesia. Ontem, na Biblioteca Escolar, a professora Maria José Guimarães deu vida à sua poesia e partilhou com os adultos que frequentam os cursos EFA e UFCDs o seu novo livro “Rasgos de Emoção”.

A autora apresentou o seu universo poético  numa linguagem simples, explicou como a necessidade da escrita se materializa no papel e lápis e a importância da poesia na sua vida. As emoções vividas e sentidas ganham forma de poema e, às vezes, as ilustrações acontecem como a recriação das palavras em formas estilísticas.

Os adultos foram convidados a declamar poemas e, em seguida, a recriar alguns desses poemas a partir de uma actividade sugerida pela autora. Parece que de poeta e de louco todos temos um pouco! Os adultos aderiram com entusiasmo e mostraram talento em ‘jogar’ com as palavras. Mais um momento de declamação se seguiu em que a partilha de emoções se consubstanciou em palavras como Liberdade, Amor e Paz.

A Poesia a revelar o que de mais importante existe em cada um de nós.