“Leiam muito e escrevam, leiam e escrevam”.
Foi esta a mensagem que a nossa convidada, D. Carolina Ruão, mãe do professor e nosso colega Camilo Ruão, transmitiu, na 4ª feira na Biblioteca Escolar, aos adultos que frequentam diferentes cursos na escola no âmbito das Novas Oportunidades.
Esta grande senhora de “quase 88anos”, como gostava de frisar, veio apresentar o seu livro recentemente editado (Edição de autor) “Quatro Estórias para ti Avô”. Como por magia e numa sala completamente cheia, fez-se silêncio e deu-se início a um período de encantamento. Baixinho, com muita ternura, contou um pouco da sua “História de Vida” e, com palavras serenas, muita inteligência e, até, com algum humor, hipnotizou a plateia declamando alguns dos seus poemas. Explicou que não o fazia de memória, porque “memória tenho pouca”, disse ela, mas que aquelas palavras eram dela, eram a sua essência e brotavam com naturalidade do seu ser.
Explicou a importância da escrita na sua vida, como esta necessidade sempre a acompanhou, como foi “rabiscando” sempre uns papéis que guardava e, outros, que acabava por deitar fora, até que, aos 85 anos, decidiu inscrever-se na Universidade Sénior… A parir daqui é fácil adivinhar e todos percebemos que nunca é tarde para começar. Mas esta conclusão simplista não é suficiente para compreendermos que:
A isto já eu cheguei,
É o destino traçado
Ou Deus que orienta o que faço?
Isso não sei.
Sei que é um privilégio
Escrever história nesta idade
Sem ter regras de colégio,
Pois tudo faço em liberdade.”
A sua sensibilidade tocou-nos a todos, aliás uma sensibilidade que a própria não sabe “se adequada à sua idade”, pois como diz no prólogo do seu livro “(…) 87 anos já não me permitem que mostre o que me vai na alma como se estivesse a atravessar o meu período de juventude”. Mas nós, que assistimos a este momento como alheados no tempo, sabemos que sim, que este sentir não tem idade.
Não foi a escola que teceu “saberes e afectos”, mas foi a escola, na pessoa da D. Carolina que tornou possível um momento único e inesquecível.
Obrigada, é uma palavra demasiado singela para agradecer todos os sentimentos e emoções que esta maravilhosa senhora nos fez sentir. Ficamos à espera dos próximos livros. Ficamos à sua espera.
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