segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fernando Namora - Coisas, Pequenas Coisas

Faz hoje 22 anos que Fernando Namora nos deixou.
Fernando Gonçalves Namora (Condeixa-a-Nova, 15 de Abril de 1919 - Lisboa, 31 de Janeiro de 1989) foi um escritor português.
Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, carreira que exerceu na sua terra natal e nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, vindo mais tarde a trabalhar no Instituto Português de Oncologia de Lisboa.
O seu volume de estreia foi Relevos (1938), livro de poesia onde se notam as influências do grupo da Presença. No mesmo ano, publicou o romance As Sete Partidas do Mundo, galardoado com o Prémio Almeida Garrett, onde se começa a esboçar o seu encontro com o neo-realismo, ainda mais patente três anos depois com a poesia de Terra no Novo Cancioneiro.

Coisas, Pequenas Coisas

Fazer das coisas fracas um poema.
Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

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